Foi na presença do secretário de Estado do Ensino Superior que a Universidade de Aveiro (UA) e o Grupo Jerónimo Martins rubricaram, ontem, uma parceria de contornos singulares no país, que vai permitir a colaboração de ambos na renovação da Licenciatura de Comércio (ministrada na Escola Superior de Águeda), bem como permitir a cerca de 90 jovens estudantes desta área, estagiar em cada um dos anos do curso, naquele grupo empresarial.
Para Alexandre Soares dos Santos, presidente do Conselho de Administração do Grupo Jerónimo Martins, “esta foi uma das parcerias mais fáceis de realizar”. “Foi consumada sem qualquer tipo de entrave ou problema, porque esta cooperação entre o mundo académico e o mundo empresarial é de importância extrema para ambos”, referiu, embora lamentasse que, “regra geral, ainda existe em Portugal um alheamento perante estes projectos e parcerias importantes para o futuro de todos”.
Já Manuel Assunção, reitor da UA, deixou clara a “dificuldade que ainda existe em estabelecer projectos desta natureza com empresas de âmbito regional, mais por razões que têm a ver com a cultura das empresas, e não tanto com a conjuntura económica”.
Sobre o projecto em si, Manuel Assunção referiu que a sua originalidade, relativamente a outras três parcerias que a UA já tem (Nokia, Fundação Ilídio Pinho e Caixa Geral de Depósitos), reside “no facto de todos os estagiários terem um tutor de curso, que os acompanhará em permanência, e não tenho dúvidas que a sua preparação final, neste contexto, será de nível qualitativo elevado”.
No âmbito da parceria, o Grupo Jerónimo Martins financiará com o montante anual de 65 mil euros uma cátedra internacional convidada, para além de comprometer-se a acolher nas suas empresas os alunos da Licenciatura em Comércio, em regime de estágio.
É a primeira vez em Portugal que um grande grupo empresarial se associa a uma Universidade “num trabalho conjunto de revisão e alteração de conteúdos programáticos com vista a uma melhor adequação do ensino à realidade e às necessidades do mundo das empresas”, lembrou Gonçalo Paiva, director da Escola Superior de Águeda (ESTGA).